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2012 - 5 PAÍSES EM 18 DIAS (Parte 3)

  • Guga Griebeler
  • 24 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

Machu Pichu - Rio Branco

Foi neste trecho que eu e meus amigos passamos um dos maiores apertos que já vivi em uma viagem.

Saímos cedo de Cusco e não muito distante dali já começamos a nos deliciar com mais um dia de paisagens e visuais incríveis através das cordilheiras. O trajeto entre Cusco e Puerto Maldonado (ultima cidade que dormiríamos antes de chegar ao Brasil) é um espetáculo a parte. De montanhas nevadas e temperaturas próximas a zero grau a montanhas verdes na amazonia peruana a mais de 30 graus em um intervalo de poucas horas. A gente não sabe mais se é melhor rezar para esquentar ou para esfriar. A questão é que os extremos realmente judiam de quem está em cima de uma moto. Mas claro que no final tudo vale a pena.

Já tínhamos vencido todas as montanhas e no último trecho de pouco mais de 100 km antes de Puerto Maldonado uma de nossas motos parou. Não tinha mais força para arrancar e não saia do lugar. um pouco mais de 500m a frente tinha uma parada para combustível e resolvemos ir empurrando a moto até la e ver se conseguíamos consertar a moto e achar alguma ajuda. Nada. Descobrimos que a alguns poucos km a frente tinha uma vila onde talvez pudéssemos conseguir alguém para levar a moto de carreta até Puerto Maldonado onde dormiríamos aquela noite. Nada. Voltamos para o posto e nos deparamos com algumas dezenas de homens armados com espingardas e facões fazendo inúmeras perguntas aos nossos amigos. Nesse momento senti o clima tenso e comecei a ver que a coisa estava ficando perigosa e poderia não acabar bem visto que o sol já estava se pondo. Depois de muito jogo de cintura, conseguimos chamar de lado um rapaz que estava em uma motinho e oferecemos uma boa gorjeta para que ele conseguisse um transporte para levar nossa moto embora dalí. Em segundos ele sai em disparada rumo a estrada e não o vimos mais por um bom tempo.

Passaram-se mais de quarenta minutos. Já havia escurecido e não tínhamos o menor sinal de ajuda. Também estávamos apreensivos com as pessoas que ficavam ao nosso redor esperando a primeira oportunidade para obter alguma vantagem a nossas custa. Quando já estávamos discutindo sobre como passaríamos a noite ali, por quase um milagre entra no posto o rapaz da motinho seguido por um pequeno caminhão que seria nossa salvação.

A caçamba do caminhão não tinha fundo, apenas algumas tábuas intercaladas de maneira que se pudesse enxergar o chão de qualquer angulo. Mas não tivemos dúvidas e num passe de mágica, erguemos os mais de 400 quilos da moto para cima do caminhão e a acomodamos em uma das tábuas. Era nossa única alternativa e não podíamos desperdiça-la. Tínhamos consciência disso.

Moto no caminhão e todos preparados para a partida. Seguimos viagem até que ao chegar na vila, que mais tarde soubemos que se tratava do centro de um garimpo peruano, o caminhão sai da estrada para o desespero de todos nós. Nos espalhamos de maneira que ao mesmo tempo pudéssemos enxergar uns aos outros e também escapar se precisássemos fugir daquele lugar. Ouvíamos ao fundo uma música que estava vindo de algum cabaré ali por perto. As conversas ao redor das barracas que vendiam bebidas e comidas se interromperam alguns segundos, que para nós pareciam horas, assim que chegamos. Parecia que o tempo congelou. Após mais alguns minutos de tensão o caminhão pára em frente a uma casa que depois também soubemos que seria para pegar seus documentos e poder seguir viagem.

Passado mais este susto e de volta ao asfalto, foram mais de duas horas atrás do caminhão numa estrada extremamente escura no meio das árvores da floresta amazônica que finalmente chegamos a cidade de Puerto Maldonado. Depois de rodarmos atras de um local para passar a noite, convencemos o motorista do caminhão a dormir por ali também e no dia seguinte levar a moto até a fronteira do Brasil com o Peru na cidade de Assis Brasil, estado do Acre.

Depois de uma noite mal dormida tentando respirar em um dos quartos mais embolorados que já vi em minha vida, acordamos cedo e em poucas horas estávamos cruzando a fronteira e beijando o solo de nosso ainda mais querido país.

Fizemos os tramites necessários na fronteira e depois de ligarmos para o seguro, nos despedimos da moto e fomos para Rio Branco onde passaríamos a noite e nos despediríamos de nosso amigo Bibo Kaufmann que agora sem moto, pegaria o vôo do dia seguinte para voltar a Curitiba.

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