2012 - 5 PAÍSES EM 18 DIAS (Parte 1)
- Guga
- 24 de set. de 2016
- 5 min de leitura
CURITIBA - SAN PEDRO DE ATACAMA
Esta foi uma viagem inesquecível seja pelos companheiros, seja pelos belíssimos lugares, seja pelas aventuras ou seja por visitamos em uma única viagem, dois ícones do turismo mundial que são o deserto de São Pedro de Atacama no Chile e Machu Pichu no Peru.
Como estou escrevendo sobre esta viagem depois de quase quatro anos (2012), alguns detalhes podem escapar da memória e por isso serei um pouco mais objetivo.
SAN PEDRO DE ATACAMA
Esta seria nossa primeira parada de descanso efetivo (duas noites num mesmo lugar).
No primeiro dia, saímos cedo de Curitiba e fomos dormir em Assunção no Paraguay. A estrada está boa e só perdemos um pouco de tempo para atravessar a Ciudad del Este que tem um transito complicado perto da fronteira.
NO segundo dia saímos em direção a Salta, mas logo no inicio começaram os contra tempos. Como não estávamos saindo do Paraguay pela mesma fronteira, os policiais começaram a exigir um certo carimbo de entrada que não tínhamos pego na fronteira com Foz do Iguaçu. Depois de muito papo e aquela famosa colaboração para as festividades do dia do soldado paraguaio, conseguimos seguir em frente.
Após alguns kilometros em solo Argentino, a primeira divergência com nossos amigos GPS. Um nos mostrava o lado da região do Chaco e outro da região de Formosa. Como nosso planejamento era por Formosa, seguimos em frente.
Como a estrada era boa, nossos amigos de Big Trail enrolaram um pouco mais o cabo e acabaram sendo pegos numa barreira policial na estrada. Chegamos logo depois mas os policiais nos mandaram seguir adiante. Não nos deram permissão para ficar ali aguardando. Foi até bom pois assim o valor da colaboração seria menor... kkk...
Seguimos adiante a procura de um posto para abastecer as motos e mesmo indicando que havia vários no mapa, nada de aparecer em nossa frente. A primeira moto parou sem gasolina no acostamento e nossas outras duas Harleys pararam junto. Aproveitaríamos para aguardar nossos outros dois amigos que tinham tanques maiores em suas motos para nos emprestar um pouco. Depois de uma meia hora, eles conseguiram se livrar dos guardas e chegaram até nós.

Após alguns minutos de conversa resolvemos que dois iriam atras de combustível enquanto três ficariam esperando no local. O tempo foi passando e nada de voltarem. Começamos a ficar preocupados e resolvemos nos mexer. Andamos um pouco mais adiante e vimos que algumas motos e carros entravam por uma picada na lateral da estrada. Resolvemos entrar para ver o que tinha ali e descobrimos uma rua larga de terra com várias casas mais adiante, o que parecia ser um povoado. Foi quando imaginamos que deveria ter algum local com gasolina mais adiante. Acertamos. Bem no final da rua, encontramos uma bomba de gasolina no meio da lama mas funcionando bem para nos abastecer. Conseguimos alguns vasilhames vazios e enquanto um de nós foi levar um pouco de gasolina para a moto que estava no asfalto, o outro ficou abastecendo.
Foi nesse momento que começaram a chegar alguns homens com atitudes bem suspeitas e fazendo muitas perguntas e assim que os demais chegaram começamos a perceber que poderiam estar tramando algo para nos prejudicar em algum aspecto que ainda não estava muito claro. Saímos apressados de lá e ao chegarmos no asfalto fomos o mais rápido possível para encontrar os outros dois que ainda não tinham voltado. Estávamos com a impressão que uma camionete estava nos seguindo e na dúvida, não diminuímos a velocidade para conferir. Bem mais adiante, encontramos nossos amigos e logo que passamos o que estava acontecendo, não perdemos tempo e saímos rapidamente em direção ao nosso destino.
Perdemos tempo demais com os contra tempos e já tinha escurecido. Resolvemos tocar forte até a primeira cidade com pouco mais movimento mesmo no escuro. Chegamos a uma cidade chamada Embarcacion. Entramos num posto de gasolina que inspirava confiança e permanecemos lá por alguns momentos até decidirmos o que fazer.
Ainda estávamos longe de Salta e já estava muito escuro para continuar. Fomos atras de um local para dormir. Conseguimos uma hospedaria simples e depois de escondermos as motos em um terreno nos fundos, fomos dormir.

No dia seguinte saímos cedo e passamos por Purmamarca, cidade de parada obrigatória para quem vai a San Pedro. Muito simpática com uma praça central onde acontecia uma feira de artesanato de muitas cafeterias ao redor.
Perdemos a noção do tempo e saímos meio tarde de lá. Chegamos na Aduana com o Chile já perto das 17h e logo na primeira curva depois da fronteira, uma verdadeira duna de areia apareceu no meio da estrada. Quase todos conseguimos desviar mas uma das motos bateu de frente com a areia. Por sorte nada de grave e rapidamente seguimos viagem se imaginar o que nos esperava pela frente...

O sol ainda aparecia para nos esquentar mas sem um aviso ele nos deixou mais rápido que pudemos perceber. O Frio da cordilheira junto a a grande altitude começou a nos judiar. A noite caiu e não tinha nenhum lugar para nos abrigar do frio. Foi neste momento que senti os primeiros sinais da altitude quando não consegui vestir minhas capas de chuva para tentar amenizar o frio. Estava tão cansado que não conseguia vestir as roupas. Neste momento, não percebi que todos se foram e que mais tarde soube que se perderam um dos outros na tentativa de se salvar. Um verdadeiro instinto de sobrevivência. Depois de mais de uma hora congelando e tentando de alguma forma aguentar o frio, avistei as luzes da cidade de São Pedro do Atacama. Foi uma das melhores sensações que senti na vida. Quanto mais perto ia chegando, mais a temperatura subia. Era como se meu corpo estivesse saindo aos poucos de dentro de um freezer.
Minutos depois fomos chegando um a um na entrada da cidade onde deveríamos parar para carimbas os passaportes. A sensação era de estar nascendo novamente. A alegria de chegarmos e nos reencontrar foi indescritível naquele momento.

Após deixarmos nossas coisas na pousada, saímos para comer algo e comecei a perceber o quão mágico era aquele lugar. Suas ruas simples de chão batido nos faziam cruzar com pessoas de diversas nacionalidades do mundo e que tinham em comum o propósito da aventura. São Pedro do Atacama transmite uma paz que em poucos lugares do mundo senti. Parece um lugar cósmico. Se pudesse, voltaria lá todos os anos.

No dia seguinte, optamos por conhecer algo mais próximo e fomos ao Valle de la Luna. Um local que realmente nos faz sentir como se não estivéssemos no planeta Terra. Percorremos calmamente com nossas motos todos os kilometros possíveis por sua extensão e depois de muitas fotos fomos comer algo e depois descansar para mais um dia de muito asfalto que estava por vir.
Comentários