top of page

2012 - 5 PAÍSES EM 18 DIAS (Parte 2)

  • Guga Griebeler
  • 24 de set. de 2016
  • 6 min de leitura

Atacama - Machu Pichu

Acordamos ainda antes do sol nascer. Uma camada de gelo em cima das motos mostrava que a temperatura ainda estava abaixo de zero grau. Enquanto terminávamos de preparar as motos e nos agasalhar, os primeiros raios de sol começavam a refletir nos cromados de nossas máquinas.

Saímos da pousada passando pelas ruas ainda desertas de São Pedro de Atacama em direção a estrada. O destino final do dia seria Arica, uma cidade chilena que faz fronteira com o Peru. Do outro lado, Tacna.

As ruas de chão batido ainda estavam úmidas do orvalho da noite e entre uma derrapada ou outra, logo nos vimos no asfalto. Mesmo na estrada pavimentada tínhamos que ter cuidado, pois só estaria seca e segura após o sol estar no alto derretendo por completo a fina camada de umidade sobre ela.

Passamos por Calama, cidade onde descem os aviões daqueles que preferem vir ao deserto pelo ar. O rumo era sentido oeste, onde encontraríamos o oceano Pacífico na cidade de Tocopilla. A chegada foi emocionante e avistamos o mar do alto da cordilheira numa visão de tirar o fôlego. Fomos descendo pela estrada até chegarmos a costa onde paramos para abastecer e tomar nosso café da manhã.

Após motos e motoqueiros abastecidos fomos pela famosa estrada Panamericana com o oceano a nossa esquerda e a cordilheira dos andes em sua magnitude a nossa direita.

Após vários kilometros de um visual incrível chegamos a cidade de Iquique, onde paramos para almoçar e curtir um belíssimo visual do mar. Para continuarmos nossa viagem, teríamos que subir uma enorme cordilheira que ficava atras da cidade. Quanto mais avançávamos mais estonteante era a vista. Uma enorme cidade abaixo de nós com a imensidão do oceano a frente... Chegou um momento em que já estávamos muito adentro da cordilheira e a paisagem do mar foi substituída por imensas montanhas com diferentes tonalidades de marrom e areia de ambos os lados. Seguimos adiante até em breve atingirmos nosso destino. A cidade de Arica. Como chegamos já no fim do dia, fomos direto para o hotel de onde somente sairíamos no dia seguinte rumo ao próximo destino: Arequipa, já em solo peruano.

Após uma fronteira enroladíssima, cheia de burocracias, continuamos a viagem rumo ao destino do dia. Entre uma cordilheira e outra, resolvemos parar no meio de um vale ladeado por cordilheiras verdes maravilhosas numa cidade chamada Moquegua.

Entramos na cidade e procuramos por um local onde pudéssemos abastecer nossas motos encontrando somente bem no meio da cidade que não era nem um pouco grande. Enquanto abastecíamos um motoqueiro surgiu do nada e entrou no posto com uma harley logo vindo em nossa direção para bater um papo. Ele era um morador local e depois de várias informações nos convidou para almoçarmos juntos num tradicional restaurante com uma comida típica do Peru que até então não tínhamos provado. Era o tal o Cuy.

O seguimos por uma estrada que parecia ser uma espécie de rota turística do lugar ate um restaurante com mais uma paisagem de tirar o fôlego no meio daquelas cordilheiras tão arborizadas.

Nosso amigo peruano se encarregou do cardápio e logo que chegou a comida, ficamos receosos mas também não faríamos nenhuma desfeita a nosso amigo. Então, comemos.... Uma experiência única que não foi mais repetida por toda a viagem... rsrsrsrs...

Perdemos muito tempo no almoço o que nos prejudicou com o tempo. Já havia escurecido e pegamos um enorme trafego na rodovia que circundava Arequipa. Tivemos alguns sufocos mas acabamos conseguindo chegar a salvo na cidade e encontrar um bom hotel onde depois de mais um dia de muita estrada pudemos esticar nossos corpos e ter um ótimo descanso.

Arequipa - Ayavari -Cusco

Pense num dia com o maior numero de contratempos possíveis... Esse foi o dia!

Logo cedo saímos do hotel e o gps nos fez andar por horas em direção a uma belíssima montanha até que de repente acabou o asfalto e pela nossa frente um estrada com um tremendo areião impossível de tocar com as harleys. Após analisar o mapa físico, resolvemos voltar com a harleys e pegar uma estrada que contornava a montanha pelo outro lado. Como dividimos o grupo em dois, combinamos de nos encontrar numa cidadezinha alguns kilômetros a frente, onde as duas estradas se encontrariam. Seria uns 40 km pela areia e uns 90 km pelo asfalto.

Encontramos a estrada asfaltada e tudo ia bem até que fazendo uma curva na subida da cordilheira, minha moto pega uma poça o óleo e derrapa na pista. Nós dois fomos escorregando pelo chão até que nos separamos, ficando eu caído no meio do asfalto e a moto dentro da valeta lateral da estrada, feita para que a agua do degelo das montanhas não venham para o asfalto. Por sorte nada aconteceu comigo e conseguimos tirar a moto da valeta com pequenos estragos que não chegaram a estragar a viagem. A altitude passava dos 4.000 metros e nosso fôlego estava comprometido com a força que tivemos que fazer para trazer os mais de 400 quilos de volta para a estrada. O clima estava tenso mas achei melhor continuarmos o mais rápido possível enquanto a adrenalina ainda estava alta.

Chegamos no ponto de encontro e nada das duas big trails. Após uns 15 minutos chegam elas com mais historias de quedas e dificuldades pela estrada que escolheram. Como não estavam com pneus apropriados, sofreram muito com as quedas e a força que tinham que fazer para ergues as motos naquela altitude.

Passados os sustos, comemos um pouco de chocolate (a única coisa a venda no lugar de abastecimento) e fomos em direção a nossos destinos do dia: Lago Titicaca e depois, Cusco.

Para chegar ao lago Titicaca, perdemos muito tempo passando por dentro de Juliaca, uma das cidades mais feias que vi no Peru (mal sabia ainda o que vinha pela frente) e fomos em direção a Puno, cidade que faz fronteira com a Bolívia ladeada pelo famoso lago Titicaca. Chegamos até o lago descendo pelas ruas de Puno e após algumas fotos e descanso, tomamos o rumo a Cusco.

Tudo parecia ir bem se não fosse por uma barricada policial onde nos pararam. Depois de horas discutindo sobre falta da apólice do seguro, tivemos que pagar uma "taxa" para liberação das motos e seguir viagem. Estávamos tão atrasado no horário que acabamos pegando uma bifurcação errada e lá se foram 40 km de ida e de volta para retomar o caminho certo rumo a Cusco.

Começou a anoitecer e ainda estávamos a cerca de 200 km de Cusco quando paramos em um posto para abastecer. Enquanto discutíamos se tocaríamos adiante ou não, fomos pedir a opinião do frentista. Após ele nos contar que eram apenas duas cordilheiras, o que significaria pelo menos umas 4 horas, resolvemos procurar um lugar para dormir ali mesmo. Estávamos numa vila chamada Ayavari.

Fomos rumo ao centro da vila para ver se no meio daqueles casebres e ruas de barro encontraríamos algum local para dormir. De repente chegamos a uma praça central ao lado de uma igreja belíssima onde acho que estava toda a população da vila reunida. Neste momento nos demos conta de que era domingo e o povo realmente estava reunido em uma espécie de celebração típica com uma festa na igreja e varias barracas de venda de produtos montadas ao redor.

Quando entramos a população parecia que estava vendo extra terrestres. o silêncio imperou no local. Apenas o ronco dos motores de nossas motos se propagavam pelo ar. Ficamos apreensivos, mas logo tudo voltou ao normal. Parecia um minuto congelado no tempo. Paramos nossas motos e sentamos no banco da praça pensando onde poderíamos dormir aquela noite. Já estávamos dividindo os bancos quando de repente uma pessoa veio falar conosco para oferecer hospedagem. Não hesitamos e mesmo tendo que dormir com as próprias roupas de viagem, conseguimos descansar um pouco.

No dia seguinte, acordamos cedo e não perdemos tempo para deixar local e chegar ao nosso tão cobiçado destino. Cusco!

Chegamos a Cusco ainda pela manhã e fomos direto procurar nosso hotel. Num local bem próximo ao centro, pudemos conhecer um pouco da culinária e história desta tão famosa cidade. É de lá que todos partem a caminho de Machu Pichu.

Como não podia ser diferente, no dia seguinte, as 5h da manhã saímos em direção a ferroviária, de onde pegaríamos o trem que nos levaria a Machu Pichu. depois de 3 horas de viagem chegamos ao pé de um dos mais famosos patrimônios históricos da humanidade e uma das maiores belezas já vista pela humanidade.

Pegamos ainda um micro ônibus que depois de uns 10 minutos nos deixou na porta de entrada de Machu Pichu.

Não vou nem tentar dizer com palavras o que se sente ao pisar em seu solo. A energia é muito grande e somente estando lá é que se pode entender o que estou tentando dizer.

Depois de algumas horas conhecendo o local, fizemos o caminho de volta até nosso hotel, onde teríamos uma excelente noite de sono e iniciaríamos nossa viagem rumo a fronteira do Brasil pelo Acre.


Comentários


harleytrips

bottom of page