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2015 - Rumo ao Caribe (Parte 2)

  • Guga
  • 24 de set. de 2016
  • 6 min de leitura

Segunda Etapa da Viagem: Manaus-Quito

Março 2015

Chegamos a Manaus para iniciar a segunda etapa de nossa viagem rumo ao desconhecido… Agora neste segundo trecho, Jackson Paraíba dá lugar a Bibo Kaufmann que me acompanhará até Quito.

Dia 1 - Saímos de Manaus bem cedo rumo a Boa Vista. Neste caminho há uma reserva indígena onde a estrada pavimentada se acaba e tivemos que torear nossas máquinas durante dezenas de quilômetros de estrada de chão com muita lama e buracos enormes em meio a Floresta Amazônica… Sem termos a informação correta de abastecimento, ficamos sem combustível, pois não há onde abastecer num raio de aprox. 160 quilômetros… Tivemos sorte de encontrarmos uma boa alma que nos salvou com um pouco de gasolina para continuarmos a viagem…

Dormimos em Boa Vista onde encontramos amigos queridos do Roraima Moto Clube que nos ajudaram com a documentação necessária para podermos entrar na Venezuela.

Dia 2 – Saímos rumo a Pacaraima numa estrada agradável de 230 km até chegarmos a fronteira. Após uma imensa burocracia e perda de tempo entre tomar vacinas e ter que ir fazer o seguro obrigatório da moto para rodar no país, depois de quase 3 horas conseguimos seguir viagem. Para fazer o seguro tivemos que ir até a cidade de Santa Elena de Uiaren – Venezuela e depois retornar para a fronteira onde é emitida a autorização de entrada do veículo.

Entramos por Santa Elena de Uiaren e minutos depois estávamos passando pela “Gran Sabana”, um lugar de visual incrível, junto ao monte Roraima que pudemos desfrutar por um bom tempo até entrarmos numa serra com uma floresta fechada onde mal podíamos enxergar o céu. Pista escorregadia e curvas arrepiantes muitas vezes com arvores caídas pelo caminho. Foram momentos de tensão e expectativa de que não houvesse nenhuma barricada ou encontros com assaltantes no final de cada curva. Felizmente tudo acabou bem e entramos numa área onde passávamos por pequenas vilas a todo momento nos fazendo sentir um pouco mais de segurança.

Neste dia não havias postos de serviço no caminho, apenas bombas de combustíveis vigiadas por militares que muitas vezes não queriam nos deixar abastecer. Era sempre um exercício de paciência e muita conversa para conseguirmos sair com o tanque cheio até a próxima parada.

Chegamos a Upata já com o Sol se pondo e fomos direto para o hotel Andreas onde conseguimos um quarto para passar a noite. Ficamos por lá mesmo e conseguimos comer algo em um restaurante anexo a ele.

Dia 3 – saímos bem cedo com destino a Puerto La Cruz onde pegaríamos o ferry para Isla Margarita. A viagem foi tranquila com excessão da passagem por Puerto Ordaz onde ficamos presos por mais de uma hora no meio do congestionamento e bagunça do transito sem nenhuma orientação e infra-estrutura dos veículos de transporte de passageiros. Eram dezenas de paus de arara com pessoas caindo para fora e se segurando como podiam… Mas apesar de um povo sofrido nunca se negavam de nos ajudar com informações sobre os caminhos que podíamos pegar para continuar nossa jornada.

Passamos pela ponte Orinoco, muito bela e fomos rumo a El tigre, onde após abastecermos as motos saímos rapidamente por ser considerada uma das cidades mais violentas deste trecho.

Chegamos em Puerto la Cruz e com ajuda de um amigo de lá, Capitão Bolivar, conseguindo providenciar rapidamente os tickets para embarque no próximo ferry que sairia em 3 horas… Fomos almoçar em uma espécie de mercado em frente ao mar e mesmo apesar de muito simples, fizemos uma excelente refeição.

Neste dia tivemos a primeira emoção de chegar rodando com nossas motos até o mar do Caribe…

Dia 4 – Ficamos praticamente o dia todo descansando em um hotel de Isla Margarita e nos preparando para os próximos dias de viagem que seriam bem puxados.

Dia 5 – Saímos de Isla Margarita e no ferry de volta a Puerto La Cruz conhecemos o Roberto, um motoqueiro da Ilha que trabalhava em Angola e falava bem o português. Ficamos muito amigos e ele nos acompanhou até a saída da cidade nos poupando de entrar no centro e pegar novos congestionamentos. Saímos rumo a Valência passando por Caracas onde passamos o mais rápido possível para evitar as manifestações que estavam acontecendo por lá e fugir de qualquer ameaça de violência ou assalto. Já estávamos avisados que a situação por lá estava bem crítica e perigosa para pessoas de fora. Felizmente conseguimos sair de lá sem nenhum problema e chegamos a Valência antes do anoitecer.

Dia 6 – Saímos de Valencia rumo a Maracaibo, ultima cidade que ficaríamos na Venezuela antes de entrarmos na Colômbia. Durante o caminho tivemos nossa primeira abordagem de militares na estrada. Foi um momento de tensão pois víamos claramente que seríamos extorquidos a qualquer momento. Depois de muitos minutos de revistas, broncas e abre e fecha de malas e bagageiros das motos, quase que por um milagre aparece uma caminhonete com o que pareciam oficiais do exercito e fazem com que os demais militares nos liberassem para seguir viagem. Saímos o mais rápido possível e algumas horas depois estávamos passando por uma imensa ponte de quilômetros de extensão que marcava a entrada da cidade de Maracaibo.

Pra variar, nosso GPS nos fez passar mais uma vez por locais da cidade que nenhum turista deve aparecer nem de longe. Mas por muita sorte, conseguimos passar ilesos e chegamos ao hotel onde passamos a noite sob a recomendação de não colocar nem o nariz para fora devido ao perigo e violência da cidade.

Dia 7 – Saída de Maracaibo até a fronteira deveria ser tranquila se não tivéssemos sido parados mais de uma dezena de vezes por grupos de militares que sempre pediam a mesma coisa ou simplesmente queriam ver nossas Harleys de perto. Felizmente nenhum desses queria nos extorquir.

Chegamos cedo na fronteira e depois de toda aquela burocracia com documentos, descobrimos que a pessoa responsável por liberar os veículos ainda não tinha chegado. Esperamos por quase 5 horas e com muito descaso por parte dos atendentes conseguimos seguir viagem até a cidade mais próxima onde deveríamos fazer o seguro obrigatório para rodar na Colômbia. O local estava fechado para almoço e abriria as 14h. Esperamos por 40 minutos e quando fomos atendidos ficamos sabendo que nosso seguro só poderia ser feito em outra cidade a aproximadamente 80 km de lá.

Resumindo: Depois de perder horas tentando fazer o seguro sem sucesso resolvemos tocar viagem correndo o risco até uma cidade maior, no caso Cartagena onde passariamos a noite. Devido a todos os atrasos do dia e para não termos que viajar a noite acabamos ficando para dormir em Santa Marta, um balneário 250 km antes de Cartagena. Cidade muito simpática cheia de pousadas onde conseguimos um local com camas confortáveis e ótimo banho. Depois deste dia cansativo era tudo que precisávamos.

Dia 8 – De Santa marta a Cartagena foi uma viagem tranquila com um único incomodo de um trecho da estrada bloqueado nos fazendo perder mais de duas horas no transito da cidade de Barranquila debaixo de um sol escaldante que nos fazia suar debaixo das jaquetas e capacetes.

Chegamos em Cartagena cedo da tarde o que nos deu tempo para efetuar o seguro obrigatório das motos e dar uma boa passeada pela cidade velha.

Dia 9 – Começam os piores trechos da viagem. De Cartagena a Medellin foram quase 700 km em aproximadamente 10 horas de viagem. Muita chuva e muitas curvas fechadas nas cordilheiras entre as duas cidades. Em alguns trechos era impossível andar acima dos 50 km/hora. Estrada tensa que foi recompensada por uma excelente acolhida que recebemos na loja da Harley Medellin. O pessoal nos ajudou com o hotel e nos deram uma ótima dica para o jantar. Fomos dormir cedo pois já sabíamos o que nos esperava para o dia seguinte…

Dia 9 – Medellin a Popayan foi o pior trecho do caminho. As motos derrapavam muito nas curvas das cordilheiras que por vários trechos ficavam sem asfalto que se transformava em caminho de pedras e buracos. Garoa durante todo o trecho das cordilheiras que em determinado momento nos deu uma trégua mostrando um cenário da natureza digno de parar e fazer reverencias tamanha a beleza do lugar. Foi um momento mágico onde a sensação era de estar junto a Deus por alguns minutos. Só de lembrar daquilo já fico emocionado…

Chegamos a Popayan, cidade com um centro histórico belíssimo e muito bem conservado. Ficamos a alguns quarteirões num hotel onde antigamente era um monastério.

Dia 10 – Saímos cedo de Popayan com destino a nossa ultima cidade desta etapa da viagem. Quito. Após alguns quilômetros rodados chegamos na fronteira onde ficamos surpresos com a simpatia e receptividade dos equatorianos. Uma vez dentro do equador as estradas começaram a ficar melhores e tivemos uma surpresa positiva cada vez que ficávamos mais perto de Quito, A cidade é muito organizada e de uma beleza natural devido a sua geografia como nenhuma outra cidade que conheci. É uma metrópole cercada de cordilheiras e vales espetaculares que justificam a visita.

Dia 11 - Após deixarmos nossas HDs para revisão na concessionária de Quito,

fomos conhecer mais um pouco da cidade e organizar nossas coisas que mais tarde pegaríamos nosso voo para Curitiba encerrando assim nossa segunda etapa da viagem.

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